NEM TODA SABEDORIA...


NEM TODA SABEDORIA...


- Do livro SOCIAL CARRASCO, por Henrique Musashi Ribeiro



Desde os meus oito anos de idade (1982) sou praticante de algum tipo de arte marcial. Comecei pelo Karatê, com o saudoso Mestre Souza, da ASKACE – Associação de Karatê do Ceará; juntamente com meu pai (Manoel leite), um primo (Renato Gil) e meu irmão mais velho (Ricardo José).

Anos depois fui aprendendo outras técnicas de Kendô, Iaijutso, Wing Chun e, por último, antes de machucar meu joelho, praticava Jiu-jitsu e MMA, com o honorável mestre Tenrite Martins – da TM Fight Team, no ano de 2012.

Sempre tive a sorte de contar com bons mestres. Aprendi mais que o básico da sabedoria milenar para respeitar o meu semelhante. Nunca apanhei na rua, mas já tive de me defender algumas vezes em situações alheias a minha vontade.

Com o tempo percebi que, geralmente, quem não tem habilidade de luta, ou de argumentação, é quem mais anda procurando confusão por aí. Percebi, também, que é necessária mais coragem para NÃO entrar em uma briga, do que para trocar socos e ofensas com néscios; que é necessário usar bom senso para virar as costas às provocações e não revidar, mesmo que venham a nos chamar de “covardes” depois; se bem que covarde é aquele(a) que se aproveita de certas vantagens, talvez por não conhecer a diferença entre educação e medo. Mas quem procura confusão, um dia acaba achando, até porque nem todos são temperantes, nem todos estão em busca do seu Fudoshin[1].

Às vezes, nem toda sabedoria do mundo pode nos ajudar quando nos envolvemos emocionalmente com pessoas com tendências autodestrutivas, que se corroem por dentro de um ódio oriundo de sua ignorância e frustração. Estas que levam a vida confundindo a felicidade com “mentiras morais”, confortos químicos - drogas que transformam o ser humano em uma “batatinha feliz”, e falsas ilusões de "poder" e "vitórias" obtidas através de pequenas atitudes vingativas e pueris; de pessoas que são capazes de endeusar o bolso recheado, mas são incapazes de realmente gozar a vida.

Tem gente que só consegue ter aquilo que pode comprar, mas infelizmente, pra tais indivíduos, as melhores coisas do mundo são dons gratuitos do Universo (Deus ou como queira chamar) e o mundo não gira ao redor do umbigo de ninguém.

Para impotentes juramentados não se pode dizer que “gozar”, dentro de seu contexto, é algo divino sem que sejamos rotulados de pervertidos. Seria por essa razão que baniram isso da própria vida? E o único “gozo” que têm é quando proporcionam o “inferno moral” àqueles que odeiam ou meramente antipatizam? Ou quando usam a língua, não para um "bom oral", mas para uma fofoca sacana, daquela que só “fode” com a imagem alheia?

Não sei! A verdade ficará incógnita sobre as lástimas dos frígidos impulsivos autodestrutivos. Na verdade, isso nem me interessa, pois eu estou vivendo e curtindo responsavelmente todos os brindes gratuitos da minha natureza mortal e sou grato por isso. E continuo querendo mais que apenas “beijo na boca”, mas todas as coisas loucas dentro dos meus parâmetros naturais, respeitando limites daquela que seja minha parceira.

No entanto, para uma consciência doente, basta arrumar culpados para os próprios problemas e um conforto químico para compensar o juízo que lhes falta e aí tudo lhes parecerá bem.

Mas espero que não aconteça com a sociedade o que o disse Nelson Rodrigues: “os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. Mas o fato é que, em uma “sociedade pasteurizada”, com os novos conceitos do “politicamente correto”, o “normal” é aquilo que é comum e aceito pela maioria, de forma que o ser equilibrado vai ser rotulado de muitas coisas, menos de algo bom.

Esse futuro talvez seja agora, pois o único crime que parece ser intolerável é o fato de você não ter grana. E, tendo grana, até os feios ficam lindos e, sendo pobres, os bonitos nos parecem feios. Particularmente sou daqueles sonhadores que acreditam que podemos, juntos, mudar o mundo ao nosso redor, começando pela renovação do nosso pensamento, de nossas ideias e conceitos caducos, antes que se tornem vícios e, por conseguinte, uma mazela social.

 

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente (...) [Romanos 12:2]



[1] Fudoshin: é um dos princípios do Budô e se refere a um estado mental que é impenetrável e imóvel. Neste caso, “imóvel”. Fudoshin não indica um estado mental inflexível, mas, sim, aponta para uma condição mental que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por fatores externos. “Esta mente que permanece não agitada e calma é imperturbável, não apegada e livre... é a mente máxima do mestre, adquirida apenas através de rigoroso treinamento, e igualmente rigorosa investigação da mente e pelo forjar do espírito (seishin tanren, em japonês) através da confrontação e vitória sobre nossos próprios medos e fraquezas” Fudoshin é diretamente relacionado com outro conceito Japonês conhecido como “zanshin”, ou "mente contínua". [Comunidade, NENRIKI DOJO – Unidade Santana]

 

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